sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

buraco negro



"O que nos une é não nos entendermos
tu aí eu aqui - nossa via é diferente:
O teu já-foi o meu ainda-há-de-ser
são dois buracos negros no presente
que é nosso como o sonho antes do dia
quando sabemos já que estamos a sonhar
e que connosco brinca um pouco ao vento
até aqui e ali cada um se encontrar."

Ulla Hahn

Deixa...


por vezes perde-se o equilíbrio...
sorrimos à imensa vontade,
e à socapa
vamos da terra ao céu
ou ficamos de pernas pró ar debaixo dele...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008



Quando tíbias de vento e amarelo platinado eram a minha paixão, surgiu efusiva ancestral e sem minguem a anunciar a partitura rasgada...
a fugaz alba de sois azuis em forma de choro,
em forma dos teus seios
do teu sabor que o beijo despertou

quando a vida nos olhou de outra forma, fugimos à fímbria imaginação
fugimos à eterna vontade
ao soltar amaras ante o féro despertar da besta

quando pensamos, senti-te tão perto
senti fluída a fonte da vida
sonhei tantos braços teus em volta...
e cruel é a sombra do efémero desejo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

contigo irmão



não podias, pelo menos assim...
sucalcos de alegria em acordes de vinho
olhares em tempos de alegria e amor que passamos
que passagens e resistencias fizemos
que dias, que fome de tudo
sempre à sombra de um passo
sempre com o infinito a fugir
debaixo de nós
não ao encontro dele meu amigo...

pra ti Jerónimo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

mas a lua ainda grita


amorosas essas festas em mim dissolutas
sonho e descanso
arfamos assim depois de descermos a febril escadaria

e de entre a supra vaidade de ti
voltamos a subir mas só em letras
só em vagas colmeias
vagamente adornadas
feliz o olhar

alivio infinito
compassivos e distantes sumptuosos lugares
haverá maneira de impedir
fosse esse o grito, fosse o amar apagado
subiria de novo
tantas e tantas vezes

"eu respirava o cheiro de eternidades empoeiradas;
a minha alma jazia, abafada e poeirenta. E quem é que teria podid0, ali, arejar a minha alma?"

Also sprach Zarathustra - Nietzche

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

subitamente




dou por mim
assim violeta
entre a fome e margem

isto é tremor
uma solidão
no barulho da alma

no algar
corri e sequei
com lagrimas a liberdade

uma sombra
senti-te tão perto
ou um fulminante ponto

na noite
a sutra de então
ou o rio que passou


sábado, 2 de fevereiro de 2008

sem sal e ilusão




...sumarentas estas voltas de saudade
tenho um frio danado, e uma incontronavel vontade ti

enquanto a fina aurea aqui se mantiver
vou tomar um duche quente
e aguçar a alma para uns chocos à trafaria

...com sorte hoje hà cabeçudos
moskovskaia e saudade
noite à pressa para amanhã sorrir...