sábado, 26 de abril de 2008




"Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja."

Beijo - Jorge de Sena

e porque o 26...



também é dia de Abril

para uma mulher de Abril


e sai-me o sol e a lama e um sabor doce do teu pescoço
sai-me uma linha e uma nota sem sentido
uma surpresa ante o teu olhar
um anseio sempre que sinto aquela areia
uma vontade e a certeza de te ver

sai-me um suor bebível e um trago de prazer
uma linha ao fundo como se de a vida se tratasse
sai-me uma vitória de cravos
um desespero
um beijo

sai-me a eternidade
não sob o resguardo de chuva
não daquele tempo

sai-me de entre os raios de areia
soltos reluzentes gotas de mar
sai-me entre veios de Abril, soltos gritos de vitória
sai-me uma vontade de agarrar
um sono cruél


entre intervalos de olhar
e a fama que o céu atinge
vive o sabor de o dia que passou

entre lágrimas faladas
ante um Abril único
ou aquele sorriso da planície

o meu amor desceu com a multidão
sorriu, e a saudade afastou...
falou e gritou, e olhou para o lado

já faltei tantas vezes...
já ergui tantas vezes a mão
tantas e tantas descidas

entre sonhos vidas e bandeiras
e a febre solta...
e a mesma lágrima

Quando a voz falta
quando a foz está lá mas não sai
quando os lábios mostram...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

dois apenas...


O fervilhar de paixões e lagrimas
o meu vira ao longo da madrugada meu amor:

"Estrela da tarde
Era a tarde mais longa de todas as tardes

que me acontecia
eu esperava por ti, tu não vinhas
tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
tardando-lhe o beijo, mordia
quando à boca da noite surgiste
na tarde tal rosa tardia
quando nós nos olhamos tardamos no beijo
que a boca pedia
e na tarde ficámos unidos ardendo na luz
que morria
em nós dois nessa tarde em que tanto
tardaste o sol amanhecia
era tarde de mais para haver outra noite
para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.

Foi a mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos nocturnos silencios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa
De fogo fizeram.
Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.

Eu não sei, meu amor, se o que digo
É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto."

Ary dos Santos

quinta-feira, 24 de abril de 2008

olhar




na lente vai um sonho que ninguém vê...
no sorriso eclode uma
vontade de te
apertar...

a doce tarde ao cantar de uma vila morena




o manjar com talvez a fome
no amplo sentimento de quem ai vem
um olhar bonito
uma questão entre o silencio e a luta
entre gritos e bandeiras que nos afagam o céu
tão altas


"Malho e tenaz nas mãos, o ferreiro mal suspendeu o trabalho quando chegaram. Era um homem magro e andrajoso, o rosto coberto de fuligem e uns lábios surpreendentemente desmaiados"

Até amanhã camaradas - Manuel Tiago

quinta-feira, 17 de abril de 2008

o pai não tem medo de nada...


...algumas sombras sem dormir, entre dentes a imaginar
nem um olá...
nem um estou aqui reconfortante
sonho e grito e falo ao quente cálice de ti
doí-me de não saber mais

queria ouvir e desaparecer de dentro de ti
ao fumo demente de zorgons
ao gerido jogo
e à única salvação ante cadeiras e traças de fama
diz-me se também
ou acena e tudo o mais...

domingo, 13 de abril de 2008

tenho...


...tantas saudades,
daquelas que nos fazem cheirar o sonho...
o sabor é meu
o sonho também
só o abraçar em silabas roxas falta...




sábado, 12 de abril de 2008

e depois...


...queixam-se que a águia foge e tal...
bem ao menos os lamp... para nos darem algumas alegrias quando perdem...


terça-feira, 8 de abril de 2008

não estou...



domingo, 6 de abril de 2008

aquele abraço


onde o sonho e a imortalidade...
a volta, a espera e muito muito mais....
aquele sitio aquela luz
da fada à embriagues ou ao acorde subtil
dos jarros cravados na tua viola
onde os dedos falam muito simples, muito lentos...
sobre tantas e tantas coisas

tremo como te disse

onde esta parte se divide entre a saudade de Kurt
e aquele abraço ontem cheio de medo
também me apeteceu, também levei a sede para casa
fartas as flores que te desenho em copos e simples beijos

desci aquela vida como sons de cogumelos a nascer
como se de erros e sombras a mais eterna alma
do cimo de ti gritasse
por cima de uma mão de vidro te quis beijar
pela noite
ante o céu azul de um olhar
furtivo pensar...

terça-feira, 1 de abril de 2008

3 só 3


considerações


...é o cabeça de giz que agora merece toda a atenção...
a pia baptismal que deveria servir para purificar a cabra da mãe da menina...
...o tal tremer que tarda em chegar!


vale a folga e a sede que se avizinha.