quarta-feira, 31 de outubro de 2007

meia hora de saudade


... se soubessem assim todas as vidas, se houvesse pelo menos esta razão todos os dias...
dissertações sobre o solver do desejo, ou só imergir por entre os teus seios
não consigo falar, é tão pouco o tempo, é tão belo
agora reescrevo ambos os sentidos depois das mãos te percorrerem a face
queria fazer parte de ti, tentei mastigar a febre que se enrolava em mim
tentei arredar todos os botões juntamente com a alma
tentei apanhar os olhos como peixes verdes, e eles estavam lá...
estavamos no tempo em que o teu corpo era quase meu
que te desejei ali
como te queria apertar ou só olhar
como te queria cantar ou desvendar recantos escondidos

o sol pos-se lá por detras das torres, e nós sós
instantaneo foi o desfolhar da saudade
foi o sofrer ou a ausência do teu cheiro e o que ficou dele
senti-me tao só com a felicidade
queria te cantar mais, queria esperar o que uma boca espera
queria voltar a um verão antigo, a uma bancada desnuda
a uma menina a correr à nossa volta
fico com o doce polen do teu peito, fico com a melancolia da cintura
com sede

segunda-feira, 29 de outubro de 2007



não só o sol me eleva assim...
...sim os teus cabelos cheiram a esta cor



sexta-feira, 26 de outubro de 2007

musa

hoje apetecia-me soletrar raul de carvalho, no mais intimo e vulgar dos recantos...
fiquei à espera que o meu karma não urgisse...
não vingasse a minha febre de ti...
não arrastasse a solidão por entre os dedos
fico ao som
sublime a ceifeira que fala...
ao rubro o riso em ti, desperta um sentir
um olhar

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

ontem mastigo

sutra
relembro a vontade de louvar...
afinal suponho que o pássaro é relactivo
invoco ou mastigo o algodão como genitais sofismos melancólicos
o ton superioriza-se perante o mais flamejante ruido
no ritmado fluido, a alma chora ao vazio
chora à sede de sal
ao desejo
ontem...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sodade


...Dizias:
miss you..

não só mesmo em português...

Há vidas assim...

Estava eu a dançar isto, com a minha margarida...



só no final diz-me ela...

Já chega pai...

vamos ó ó...

:)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Delicia

... Tapete vermelho talvez felpudo, a sombra da lareira ou o encandear da barca velha fervendo no cristal barato...

...vindo de Seia saindo por uma pequena vigia, barrado sobre uma seara alentejana...

...o olhar a refletir nos cabelos, o calor do sonho...

...contigo...

talvez a noite perfeita...

a musica?...

Ella Fitzgerald & Louis Armstrong

Hieronymus

Estranho
Lembro-me que para retirar a simples ideia ílicita de Pã das flores
surgiram plenas de vígor, superiores e escamosas borboletas...

(Retirado do envelope secreto)

Espera...

Em dias que nada sai...
Talvez um pouco do mestre




sábado, 20 de outubro de 2007

Sem ti

que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração

gaivota – Alexandre O’Neill


agora sabes onde estou…
sabes quando escrevo, a frequência da minha voz
sabes o quanto podes pensar em mim nas desculpas que ambos falamos
podes rir, podes sonhar e chorar, podes beijar com um olhar,
podes deixar-me e fugir
posso ficar a ouvir-te até a luz assentar
imenso anseio...
sinto o doce desejo mas fico dentro desta frase

agora sabes onde estou
seja entre o sol ou a multidão de uma esplanada
onde só o nosso olhar se cruza
onde espero por ti
onde te ouvirei sempre, ou onde me esconderei
do trovão ameaçador e ficarei quieto como se encostada a mim
sentisses onde estou

agora sabes onde estou
quem sou
que quando triste afagarei o teu cabelo em silencio
secarei o teu querer e só respirarei ao teu sinal
podes ler as tuas fadas, ouvir o cantar delas vezes sem conta
ignorar-me perante as tuas duas vidas
podes beber os amigos, invocar a alegria
mostrar tudo dentro de ti…

agora sabes onde estou
sabes onde choro a vontade
onde soletro o patamar perfeito do azul
sabes em que fio da cama me deito todos os dias
conheces a arte que me falás-te
o pranto que urge sanar no vão da escada
do desejo que cresce e queremos parar

agora sabes onde estou
estou enquanto o suor for teu
estou para ti com o brilho do olhar derradeiro
como se os teus seios, inacessíveis seios
estremecessem ante o meu olhar indiscreto
na manhã
na inquietude da paixão, no chamamento da fonte

agora sabes onde estou…

Desertos

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Da Sombra ao Deserto

Lá no sucalco dos dedos
ou delicadamente a espera que doi
à beleza dos desertos ao sopro...

Passou de novo por mim
aquele olhar que molda a duna
que enche de vermelho o manto que me cobre

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

um carinho as vezes cai bem...

"Drão
o amor da gente é como um grão
uma semente de ilusão
tem de morrer pra germinar
plantar nalgum lugar....

...quem poderá fazer aquele amor morrer...

...dura caminhada pela estrada escura...

Drão
...os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confição, não há o que perdoar...

quem podera fazer aquele amor morrer, se o amor é como um grão
morre e nasce trigo
vive e morre pão
drão"

Caetano

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

gosto assim

Daqui vejo o mar, escrevo mais com o mar.
E vejo-te.
Também escrevo mais depois de ver o cheiro nos teus assombros de olhar.
Da janela já tentei pintar algumas folhas, por vezes até medo e pavor. Não consegui, só o assombroso sorriso da saudade ficou. É bom quando a vida nos mostra outro novo caminho. Quando a vida nos chama de novo à atenção.
Gosto assim, como se alguém que sempre conheci ditasse sabores misturados com o som.
O feliz, e grave soletrar do Tom.
Gosto de ti como se fosse a vida, sempre disposta a soltar um ritmo diferente. Gosto como se o impossível fosse a maior tormenta, como se o pinheiro em frente ou a tundra se abrisse e surgisses da agua ou do lençol azul.
Quando te vi a voz brilhou, a sombra curvou-se perante ti mesmo sem eu querer.
Eu vi e senti.
Não fui capaz de suturar de novo a sombra a mim. Também não queria.
Correu para os teus braços, beijou-te, desejou-te no mesmo instante.
Eu também gosto assim.
Eu gosto assim.
Lembro-me do tempo que perdi a lembrança. Lembro-me de não querer mais nada, só que a minha sombra corresse de novo para ti.
Lembro-me de um livro que escrevi, de um sonho que fiz à tua passagem pela minha vida. Lembro-me de ti a chover, a fugir…
Agora as águas balançam à minha frente, como se as suas folhas estruturas de amor sentido não tivessem mais tempo para falar.
Gosto como gosto, e não como o sonho do amante, não como alguém que brilha sempre. Assim sinto-te mais perto de mim, mais perto do beijo que sempre falta.
Olho a fotografia, o vestido vermelho visto de perfil com as gentes de fundo.
Elevo a voz à passagem do doce cheiro. Tão doce, tão cheio de ti
Sou amante de sonhos
De pedaços de frio
Dos contos que o amor que sinto nos cava
Não mais deixarei de te sentir.
Agora que vejo de novo o mar
Sinto-me
Perto de mim

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Há o gesto, que não sei apagar
sim levamos
sim soltamos

não há saudade, só sentir só melodia ou só viver
e um dia destes mudar
revirar a alma e
saudade do mestre

terça-feira, 9 de outubro de 2007

linda

e agora que sou?
sonho que a sombra não se lembra de mim
vejo-a a saltar de sol em sol e não se apaga
vejo à minha volta a sombra
a chorar
com medo
mas nunca se apaga

estive sempre com a sombra
brilhante, soberba na memoria
na vida
sempre sonhei
sempre a amei
e nunca se apaga

sou o mesmo, ou diferente na sombra
ainda a sinto mais forte
agora vivo na sombra e com a sombra
só rezo para que nunca
a sombra se apague

terça-feira, 2 de outubro de 2007



a minha vida..

"agarro a madugada como se fosse uma criança"
a fissura não mais fechará ou espera que um dia volte
o sonho é aquele que mariza fala
só o teu amor é tão real...

nesta alba ou no começo do sol
"onde tuas lagrimas de orvalho, cairam nas minhas mãos
quando te afaguei o rosto"
"os amantes infelizes deveriam ter coragem para mudar de caminho"

ao ver-me chorar por ti
sono desperto o mesmo no azul não quero saber
onde as palavras vão à solta como segredos em arvores sozinhas no monte
por prados desertos libertos...
caminhando...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A nova era do turbilhão

Já vos disse que renasci...
ou a vida assim o quis
dedicadamente p'ra ti ou o sonho futuro do amante e mais um drama
"quem me amança com doces beijos altas febres e desejos"
dedico-te a gloria o riso e o pensamento...