sábado, 20 de outubro de 2007

Sem ti

que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração

gaivota – Alexandre O’Neill


agora sabes onde estou…
sabes quando escrevo, a frequência da minha voz
sabes o quanto podes pensar em mim nas desculpas que ambos falamos
podes rir, podes sonhar e chorar, podes beijar com um olhar,
podes deixar-me e fugir
posso ficar a ouvir-te até a luz assentar
imenso anseio...
sinto o doce desejo mas fico dentro desta frase

agora sabes onde estou
seja entre o sol ou a multidão de uma esplanada
onde só o nosso olhar se cruza
onde espero por ti
onde te ouvirei sempre, ou onde me esconderei
do trovão ameaçador e ficarei quieto como se encostada a mim
sentisses onde estou

agora sabes onde estou
quem sou
que quando triste afagarei o teu cabelo em silencio
secarei o teu querer e só respirarei ao teu sinal
podes ler as tuas fadas, ouvir o cantar delas vezes sem conta
ignorar-me perante as tuas duas vidas
podes beber os amigos, invocar a alegria
mostrar tudo dentro de ti…

agora sabes onde estou
sabes onde choro a vontade
onde soletro o patamar perfeito do azul
sabes em que fio da cama me deito todos os dias
conheces a arte que me falás-te
o pranto que urge sanar no vão da escada
do desejo que cresce e queremos parar

agora sabes onde estou
estou enquanto o suor for teu
estou para ti com o brilho do olhar derradeiro
como se os teus seios, inacessíveis seios
estremecessem ante o meu olhar indiscreto
na manhã
na inquietude da paixão, no chamamento da fonte

agora sabes onde estou…

Sem comentários: