segunda-feira, 15 de outubro de 2007

gosto assim

Daqui vejo o mar, escrevo mais com o mar.
E vejo-te.
Também escrevo mais depois de ver o cheiro nos teus assombros de olhar.
Da janela já tentei pintar algumas folhas, por vezes até medo e pavor. Não consegui, só o assombroso sorriso da saudade ficou. É bom quando a vida nos mostra outro novo caminho. Quando a vida nos chama de novo à atenção.
Gosto assim, como se alguém que sempre conheci ditasse sabores misturados com o som.
O feliz, e grave soletrar do Tom.
Gosto de ti como se fosse a vida, sempre disposta a soltar um ritmo diferente. Gosto como se o impossível fosse a maior tormenta, como se o pinheiro em frente ou a tundra se abrisse e surgisses da agua ou do lençol azul.
Quando te vi a voz brilhou, a sombra curvou-se perante ti mesmo sem eu querer.
Eu vi e senti.
Não fui capaz de suturar de novo a sombra a mim. Também não queria.
Correu para os teus braços, beijou-te, desejou-te no mesmo instante.
Eu também gosto assim.
Eu gosto assim.
Lembro-me do tempo que perdi a lembrança. Lembro-me de não querer mais nada, só que a minha sombra corresse de novo para ti.
Lembro-me de um livro que escrevi, de um sonho que fiz à tua passagem pela minha vida. Lembro-me de ti a chover, a fugir…
Agora as águas balançam à minha frente, como se as suas folhas estruturas de amor sentido não tivessem mais tempo para falar.
Gosto como gosto, e não como o sonho do amante, não como alguém que brilha sempre. Assim sinto-te mais perto de mim, mais perto do beijo que sempre falta.
Olho a fotografia, o vestido vermelho visto de perfil com as gentes de fundo.
Elevo a voz à passagem do doce cheiro. Tão doce, tão cheio de ti
Sou amante de sonhos
De pedaços de frio
Dos contos que o amor que sinto nos cava
Não mais deixarei de te sentir.
Agora que vejo de novo o mar
Sinto-me
Perto de mim

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