estava serena, tal fim de tarde
ou manha, já nem sei, já nem vejo...
falta-me a vontade de a beber, em tragos desnudos
feliz reflexo do efusivo insecto a brotar no final de tudo
quando se aproximou, abusou de toda a vida
firmemente me fez deslizar no ressalto da sua vida
fustigou aquele recanto por entre teias de dedos
sentado olhei o encanto suspenso
lavei-a em trapos cor de sol e famintos enredos de letras
e quando a levei, pedi-lhe outro dos tantos que demos
da troca de vontade de ficarmos ali
onde o tempo sopra paginas coladas
pela saliva e perfume das bocas
depressa soletramos o vazio
subimos bem mais alto que Ícaro sem asas
pensei revelar a vontade do inacabado
regresso ao choro desesperado
rabisco na vida segredos da sombra ou a brisa fria de Dezembro
impossível é soltar um sorriso à vinda da flor
mas o que nunca saberei
é como a beleza da noite pode trazer tantos fantasmas
tanta falta